Rotas de todos os dias

Artes visuais

Maria José Cavaco (Ponta Delgada, 1967-2022)

- Autor

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Descrição:

O projecto decorre, de um modo relativamente literal, do conceito/pretexto para a exposição: horizontes insulares. Neste caso particular, é relevada a definição da linha do horizonte em função e consequência da situação geográfica de um sujeito. Neste sentido, o horizonte é sempre a altura e alcance da vista de um sujeito, sendo a localização deste que referencia a localização e visibilidade daquele. O inverso também é verdadeiro: é a localização e visibilidade do horizonte que referencia a localização e visão do observador. O horizonte é uma referência constante e importante na ilha, constituindo, em derradeira análise, uma consolação: ele permite-nos um reconhecimento – porque, em retorno, ele nos fornece as coordenadas para a nossa própria localização. Por isso mesmo este projecto inflecte o ponto de focagem para o sujeito: quando falamos do horizonte, situando-o, falamos, na verdade – sim – nas coordenadas de um sujeito – que é, por seu turno, um lugar de coincidências, de intersecções de percursos, de rotas, em várias direcções e domínios. Neste sentido, o projecto valoriza não a visibilidade de um horizonte reconhecido como especificamente insular, mas sim a existência de um horizonte específico a cada sujeito, enquanto sujeito reflexivo, no qual o contexto geográfico conflui como uma linha num mapa de coincidências. Cada nova topografia gerada na intersecção das linhas de cada novo mapa de coincidências é uma espécie de sedimento intermédio de um palimpsesto, que, no conjunto, adquire uma densidade progressivamente maior através da sua progressiva informação por cada um dos sedimentos. A densidade deste corpo é directamente proporcional ao respectivo alcance da visão. Rotas de todos os dias é um projecto realizado em desenho, constituído por cerca de 50 folhas com 18x15cm, desenhadas na frente e verso (portanto, 100 páginas desenhadas), e uma folha, com 18x28 cm, desenhada apenas na frente. Na série de 100 páginas estão representados fragmentos de um corpo (o meu corpo), representado diariamente e observado directamente, sem recurso a qualquer dispositivo reflector ou fotográfico (por isso mesmo, a cabeça nunca é observada). Nestes desenhos é explorada a transparência do papel que revela dois planos de representação para cada página: o da frente e o do verso da folha. Os desenhos evoluem para uma progressiva ocultação das linhas, com corrector líquido, excluindo os segmentos e pontos em que as linhas da frente e do verso da folha se sobrepõem, descrevendo mapas de intersecções/coincidências e, por decorrência e alusão, topografias. Na folha desenhada apenas na frente está representada uma paisagem, uma vista do mar, com dois referenciais: a linha do horizonte e um rochedo parcialmente submerso. Dimensões da Peça: 1 folha: 18x28 cm; 50 folhas: 18x15 cm; Área Total Ocupada: 24x1100x15 cm.

Dimensões:

Área total : A. 24 x L. 1100 x P. 15 cm

Nº de Inventário:

ACAC 00118

Data de produção:

2010

Material e técnicas

Óleo, grafite, marcador, verniz corretor e impressão a jato de tinta sobre papel - Desenho

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