A pintura "Casas em Leça da Palmeira", efetuada em 1912, por Veloso Salgado (1864-1945), foi oferecida ao Museu depois da exposição de 1914. Foi a primeira pintura registada no inventário de Arte do Museu Carlos Machado, cuja coleção se inicia com um conjunto de artistas ligados ao Naturalismo, com influências impressionistas, em pinturas de ar livre.

Veloso Salgado nasceu em Santa Maria de Melon, em Espanha, vindo com 10 anos para Portugal, onde se naturalizou português, em 1886. Em 1881 matriculou-se nos cursos da Escola de Belas Artes de Lisboa e pertenceu a uma geração de pintores portugueses que captaram a influência da pintura naturalista, que se realizava em Paris nessa época, para onde partiu em 1888.

Em Paris, Veloso Salgado foi aluno de Cabanel, Jean Paul Laurens, Delaunay, Benjamin Constarnt e Cormon, pintores académicos, que ajudaram a formar grande parte dos pintores do seu tempo, conhecidos de outros artistas açorianos como Duarte Maia e Domingos Rebelo.

A partir de 1901 foi nomeado professor definitivo de Pintura na Academia de Belas Artes de Lisboa, onde permaneceu durante 37 anos. Está representado em diversas coleções particulares, outras instituições e museus, cultivando com a mesma facilidade tanto o retrato como a paisagem.

Se foram os retratos que o distinguiram, como o da Rainha D. Amélia, a cavalo, ou belo retrato de Madame Demont Breton, foram também as grandes composições que marcaram a sua obra, como os painéis A Matemática e Ciências Fisico-Naturais, da Universidade do Porto, terminados em 1917 ou a decoração da sala dos atos daquela Universidade, obra de 1925. Com Ventura Terra realizou o pano de boca de cena para o Teatro Politeama e decorou a Sinagoga de Lisboa.

A paisagem foi, no entanto, onde o artista manifestou maior espontaneidade, como nos apontamentos de Colares, do Gerês e do Minho e nas vivências em Leça da Palmeira, das quais o museu possui este exemplar.

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