RETRATO DE D. CARLOS I, REI DE PORTUGAL

Portrait of D. Carlos I, king of Portugal
Artes visuais
FÉLIX DA COSTA (1845-1922)
- Autor

Descrição:
Retrato de D. Carlos I, rei de Portugal (1863-1908; rei 1889-1908). Óleo s/tela, não assinado e não datado, atribuído ao pintor português António Félix da Costa (1845-1922). Busto, a três quartos, virado para a esquerda. Traja à civil – de casaca, camisa de golas engomadas, colete e laço brancos – e apresenta a cabeça descoberta. Usa um botão de peito de camisa de diamantes. Ostenta, ao peito e entrevendo-se debaixo da gola da casaca, a placa de grã-cruz das Três Ordens Militares portuguesas (Avis, Cristo e Sant'Iago da Espada). Moldura retangular larga, em madeira e gesso dourados, decorada com frisos vegetalistas e perlados, encimada pelas armas da Casa Real Portuguesa, que são rodeadas por dois ramos de louro. O chassis da tela apresenta a marca do fabricante francês: Lefranc & Cie. (Paris, 1884-1922).

De nome completo Carlos Fernando Luís Vítor Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis José Simão de Bragança, nasceu a 28 de setembro de 1863, em Lisboa (Portugal), filho primogénito do rei D. Luís I de Portugal (1838-1889; rei 1861-1889) e da rainha D. Maria Pia (1847-1911; rainha 1862-1889), foi a 33.º monarca de Portugal. Casou, ainda herdeiro da coroa, sendo Príncipe Real e duque de Bragança, com a princesa Marie Amélie de Orléans (1865-1951; rainha 1889-1908), filha dos condes de Paris, com quem teve dois filhos, o Príncipe Real D. Luís Filipe (1889-1908) e o infante D. Manuel de Bragança, duque de Beja, que após o regicídio de 1908 seria o rei D. Manuel II de Portugal (1889-1932; rei 1908-1910). O seu reinado, inaugurado em 1889, foi marcado por diversas perturbações políticas e económicas e uma constante agitação social, o que promoveu o descrédito da monarquia e favoreceu o crescimento do sentimento republicano no país. Logo em 1890, o ultimato britânico, resultante da chamada crise do “mapa cor-de-rosa”, vai impor uma humilhante derrota à diplomacia portuguesa e às ambições territoriais do país em África; depois, o continuado rotativismo entre os partidos Progressista e Regenerador, provoca um elevado desgaste político e o descrédito das instituições governamentais; e, por fim, o apoio dado a João Franco, em 1906, como presidente do concelho, e à sua subsequente ditadura, vão ajudar a um comprometimento irremediável do futuro da monarquia portuguesa. O regicídio de 1908, a 1 de fevereiro, no Terreiro do Paço, em Lisboa (Portugal), será o culminar da situação, indo colocar fim à vida do rei D. Carlos e do príncipe herdeiro do trono D. Luís Filipe, assassinados por simpatizantes republicanos. Dois acontecimentos ligam este monarca aos Açores: primeiro, a promulgação do decreto de 2 de março de 1895, quando era presidente do conselho de ministros o micaelense Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro (1849-1907; presidente do conselho 1893-1897, 1900-1904 e 1906), que estabeleceu a possibilidade de um regime de autonomia administrativa ao arquipélago; e, segundo, a visita do casal régio às ilhas, entre 27 de junho e 11 de julho de 1901, passando por Santa Maria, Faial, Pico, Graciosa, Terceira e São Miguel, tendo nesta última ficado a residir no Palácio de Sant’Ana, em Ponta Delgada (então propriedade da família Jácome Correia e hoje sede da Presidência do Governo dos Açores).

Esta pintura integra um conjunto de retratos reais portugueses, da autoria do pintor português António Félix da Costa (1845-1922), em número de oito – de que fazem parte D. Pedro de Bragança, duque de Bragança; D. Maria II e D. Fernando II; D. Luís I e D. Maria Pia; D. Carlos I e D. Amélia; e o infante D. Afonso de Bragança, duque do Porto –, com caraterísticas semelhantes, ao nível do traço, pincelada, cor e composição, estando alguns assinados e datados: "F. da Costa, 1892". Foram adquiridos por Pedro Jácome Correia, 1.º conde de Jácome Correia (1817-1896) – para decoração do Palácio de Sant'Ana, sua residência em Ponta Delgada (Açores, Portugal) –, tendo conjunto sido doado à Região Autónoma dos Açores, em 1981, por sua neta Maria Josefa Gabriela Borges de Sousa Jácome Correia Hintze Ribeiro (1920-1984), no âmbito da venda do palácio para sede da Presidência do Governo dos Açores, constando de um Contrato de Doação, datado de 2 de abril daquele ano, onde pode ler-se na página 2: "[...] - 6 quadros a óleo de Félix da Costa com molduras a ouro, coroas e brasões dos respectivos monarcas: D. Carlos, D. Amélia, D. Luís, D. Maria Pia, D. Fernando e D. Maria II.// - 2 quadros a óleo com moldura a ouro representando: D. Pedro IV e D. Afonso [...]". PEDRO PASCOAL DE MELO (outubro, 2023)

Bibliografia consultada:
RAMOS, Rui. D. Carlos: 1863-1908. Lisboa: Círculo de Leitores, 2006.

Dimensões:
Tela : A. 73 x L. 60 cm
Nº de Inventário:
PS0366
Data de produção:
circa 1892
Material e técnicas
Óleo s/tela - Pintura
Madeira, gesso, ouro - Ensamblada, entalhada, moldada, dourada

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