A MESA
Os conventos desempenharam um importante papel na estruturação das formas de estar e de consumir alimentos à mesa, passando-as à sociedade laica, onde terão sido reproduzidas. A transição do mundo medieval para o moderno foi acompanhada de importantes alterações nos hábitos de consumo de alimentos despoletados pela chamada primeira globalização. As trocas comerciais, numa intensidade nunca verificada, tiveram um forte impacto nos hábitos de consumo das populações, com a introdução ou generalização de determinados produtos alimentares como as especiarias. Estas novas dinâmicas materializaram-se no surgimento de novos recipientes associados ao consumo de alimentos. É no período moderno que se afirmam os recipientes de consumo individual de alimentos à mesa, como os pratos e pequenas tigelas ou escudelas, reflexo de uma nova atitude perante a alimentação. A diversificação que se assiste na louça de mesa em época moderna reflete também o seu peso enquanto bem transacionável. Passa a ser comum fazer parte das casas mais abastadas do período moderno serviços de louça com peças provenientes de distintas origens geográficas, tais como Espanha, Itália, Países Baixos ou China, além das próprias produções portuguesas.