Sou um gigante perdido numa floresta queimada

Artes visuais
Rui Moreira (Porto, 1971)
- Autor

Descrição:
Diretamente associado a uma outra obra de Rui Moreira (1971), com o mesmo título, concretizada em grande formato (250x318 cm), em 2010, a guache sobre papel, este desenho pode ser entendido como um estudo prévio para a obra que se lhe seguiu. Trata-se de um exemplar demonstrativo do trabalho de aprofundamento do desenho, como campo exploratório, de risco e relação nervosa com o Mundo, tal como definiu o artista. A sua metodologia de trabalho é geradora de composições intensas, com uma forte tónica na dimensão do Fantástico, obrigando o espetador a parar e a ver com atenção, pela multiplicidade de detalhes minuciosos que inclui nas suas criações. Na construção de paisagens, que consistem em reflexos do universo pessoal do artista, misturam-se diversas influências estéticas e visuais, como a gravura japonesa, a ilustração Anime e Manga, ou as referências etnográficas a figuras como os Tuaregues, que habitam o deserto do Sahara, ou os Caretos transmontanos, metamorfoseadas em personagens híbridas, que adquirem protagonismo através dos gestos e posturas que assumem. Neste desenho, para além dos aspetos focados anteriormente, encontramos várias características da obra de Rui Moreira, como a demora na representação dos pormenores descritivos, explorando texturas, padrões e tramas, o preenchimento quase total da área disponível para a composição, ou a citação de elementos advindos de imagens retidas de experiências pessoais vivenciadas. O título conferido a este pequeno estudo, e à obra de grande formato que se lhe seguiu, foi retirado da obra literária 2666 de Roberto Bolaño, citação que, num acaso, se associou a uma experiência vivenciada pelo artista, perante um grande incêndio, num verão passado em Montesinho (Trás-os-Montes, Portugal). Os troncos e os girassóis que surgem à direita da composição provêm da paisagem física que se presenciou queimada. No caso dos girassóis, enquanto despojos carbonizados, foram estes inclusivamente recolhidos pelo artista para desenhá-los com maior detalhe, incluindo-os neste trabalho, que adquire assim um forte sentido de autorreferenciação.

Directly linked to another work carried out in 2010 by Rui Moreira (1974) in large scale (250x318 cm), which bore the same title, using gouache on paper, this drawing may be regarded as a preliminary study for the work that came after it. This is a telling piece in what concerns the further development of drawing as an exploratory field, of risk and nervous relationship with the World, as defined by the artist. His working methods generate intense compositions, with a strong emphasis on the Fantastic realm, compelling the viewer to stop and look carefully, due to the multitude of thorough details he includes in his creations. In the construction of landscapes, which consist of reflexions of the artist’s personal universe, diverse aesthetic and visual influences are blended, such as Japanese engraving, Anime and Manga illustration, as well as ethnographic references as the Tuareg who inhabit the Sahara or the Caretos from Portuguese Trás-os-Montes. These are metamorphosed into hybrid characters, who gain new leading roles through the gestures and postures they assume. Apart from the aforementioned aspects, this drawing presents several other characteristics of Rui Moreira’s work, such as lingering on the representation of descriptive details, exploring textures, patterns and weavings, the almost complete filling of the area available for composition or the quote of elements belonging to images derived from personal experiences. The title attributed to this small study, as well as to the large scale work that came after it, was taken from the literary work 2666 by Roberto Bolaño. This quote also evokes the experience of a large fire, lived by the artist, during a summer spent in Montesinho (Trás-os-Montes). The tree trunks and the sunflowers emerging from the right side of the composition come from the physical landscape that the artist witnessed as burnt. Charred remains, the sunflowers were even gathered by the artist, in order to draw them with greater detail and include them in this work, that, as such, acquires a strong sense of self-reference.

Dimensões:
Dimensões c.moldura|c. plinto : A. 69 x L. 84.7 x P. 4.1 cm
Nº de Inventário:
ACAC 00015
Data de produção:
2009
Material e técnicas
Papel e tintas de escrita (caneta) lápis de cor, e guache - Desenho a caneta, lápis de cor e guache sobre papel

Autonomia dos Açores Digital | CollectiveAccess parametrizado e estendido por Estrutura para a Casa da Autonomia

Ao continuar a navegar no CCM - Património Museológico Açores está a aceitar a utilização de cookies para optimizar o funcionamento deste serviço web e para fins estatísticos.

Para mais informações, consulte a nossa Política de Privacidade.

Continuar