Chapéu de homem

Texteis e Indumentária

Título Alternativo:
Chapéu do Dr. José Prudêncio Teles Jr.
Descrição:
Chapéu que pertenceu a José Prudêncio Teles Jr. - Dr.Teles. Nasceu a 8 de maio de 1908, em Santa Bárbara, freguesia das Ribeiras, concelho das Lajes do Pico. Da família, e do meio rural onde nasceu, cresceu, e viveu os primeiros anos da sua vida, terá herdado algum do fermento ético e moral que alicerçou a profunda dimensão humanista da sua vida, como homem e como médico. José Prudêncio Teles Jr. concluiu a Licenciatura em Medicina e Cirurgia no ano de 1935, em Coimbra. Nesse ano rumou à ilha de Santa Maria, onde iniciou a sua carreira como médico e Delegado de Saúde. Abandonou a ilha, rumo a São Miguel, nos finais dos anos 30, princípios da década de 40. Em São Miguel, abre um consultório em Ponta Delgada. A qualidade invulgar do seu trabalho, a sua dedicação, o seu altruísmo e a sua enorme solidariedade, numa ilha profundamente marcada por gritantes desigualdades sociais, rapidamente o transformam num fenómeno de procura e atratividade. Os seus doentes, em número elevadíssimo, vão desde as elites sociais aos mais pobres. É chamado a percorrer inúmeras partes da ilha, fazendo uma medicina, na maior parte dos casos, gratuita, em absoluta coerência com as suas preocupações de justiça social. O seu nome é sinónimo de qualidade e excelência, assumindo-se como uma referência no panorama médico micaelense. O reconhecimento público e institucional chega quando o Presidente da República, General Óscar Carmona, na sua visita oficial aos Açores em 1941, lhe atribui a “Comenda da Ordem de Benemerência”. Paradoxalmente, nesta altura, as suas ideias antifascistas, de oposição ao regime político de então (apesar de não exercer ação política) e a forma extraordinariamente solidária e humanitária como exerce a medicina, começam a trazer-lhe problemas. É acusado pela polícia política do Estado (PIDE) de ter ideias subversivas e querer revolucionar o sistema político da altura, sendo submetido a vários interrogatórios. Ainda em Ponta Delgada acaba por receber um mandado de captura, situação que o obriga a refugiar-se em Lisboa por algum tempo. Angustiado e incapaz de suportar por mais tempo a clandestinidade, dirige-se para Santa Maria sendo, de imediato, preso no aeroporto, pela PIDE, que o encaminha de novo para Lisboa. Aqui, permanece alguns meses preso numa enfermaria, sujeito a interrogatórios, e às regras prisionais, enquanto aguarda julgamento. Este revela-se altamente reparador, contando com catorze testemunhas de defesa, todas elas figuras de prestígio da altura (entre elas, a título de exemplo, pode destacar-se um compadre do Dr. António Oliveira Salazar e um diretor da PIDE). O júri, após audição das três primeiras testemunhas, absolveu o réu. O Dr. José Prudêncio Teles Jr. ficou tão traumatizado psicologicamente com todo o processo que já não voltou a Ponta Delgada, regressando ao Pico. A partir dos finais da década de 40, já na ilha do Pico, movido por um forte impulso idealista e humanista, fez da sua medicina uma ferramenta ao serviço da igualdade, da justiça, da solidariedade e da liberdade. Como homem e figura invulgar, do ponto de vista médico e humano, fez desta prática uma devoção e uma causa, trabalhando dia e noite, calcorreando a ilha de lés-a-lés. Conhecem-se centenas, ou mesmo milhares, de histórias fantásticas sobre este homem e este médico. Faleceu a 14 de março de 1981.
Dimensões:
C. 30,1 x L. 25,2 x A. 12 cm
Nº de Inventário:
MB241
Data de produção:
Século XX
Material e técnicas
Feltro
Entidade relacionada
Museu do Pico

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