MAQUINETA

Shrine cabinet
Mobiliário

Título Alternativo:
Oratório [ou] Santuário
Descrição:
Maquineta em madeira e vidro. Móvel de culto. Produção portuguesa, de autor desconhecido, datada do século XVIII.

Armário paralelepipédico de secção trapezoidal, com três faces envidraçadas, feita em madeira de castanho ensamblada, entalhada e vazada. Exibe policromia imitando mármore em tons de rosa e frisos em preto e dourado, o que mostra um cuidado estético em criar uma ilusão de materiais nobres. As ilhargas e a porta frontal são molduradas, cada uma com um único vidro plano, sendo as primeiras amovíveis e a segunda provida de dobradiças e fecho de gancho em ferro, para facilitar o acesso ao interior. O frontão central é decorado com motivos concheados, vegetalistas e enrolamentos, comumente associados ao estilo barroco ou rococó, e o interior é pintado com um padrão que imita tecido - ornamentado com ramos de flores (nomeadamente rosas, vinculadas às iconografias mariana e cristológica) em tons de rosa e dourado, entre volutas e folhagens e sobre fundo verde claro -, o que reforça a ideia de opulência e cuidado estético. A caixa assenta sobre quatro pés em forma de bolacha que oferecem estabilidade à peça.

Este tipo de objetos, pertencentes ao mobiliário religioso do culto católico, desempenharam um papel significativo como oratórios ou altares portáteis nos ambientes domésticos portugueses a partir do século XVIII. Destinavam-se a abrigar imagens devocionais, como figuras de santos e grupos escultóricos, incluindo representações do Presépio, que ilustrava o nascimento de Jesus Cristo, ou do Calvário, que retratava a sua paixão e morte, entre outros temas bíblicos e religiosos. Geralmente, as maquinetas eram ricamente decoradas e cuidadosamente trabalhadas, apresentando refinados detalhes artísticos, e eram comumente colocadas sobre móveis como mesas ou cômodas em ambientes ostentosos, destacando-se tanto pela sua função espiritual quanto pela estética. A partir de meados do século XVIII, além de seu papel devocional, também adquiriram valor como elementos decorativos de prestígio, refletindo o gosto artístico da época e a importância da religião na vida quotidiana.
PEDRO PASCOAL DE MELO (Outubro, 2024)

Bibliografia consultada: Coelho, Daniela Santos. - O mobiliário pintado em Portugal do século XVIII: Materiais, técnicas e estado de conservação [Tese de doutoramento]. Porto: Universidade Católica Portuguesa/Escola das Artes, 2012 [Disponível em: O mobiliário pintado em Portugal do século XVIII. Universidade Católica Portuguesa. Acesso em: 24 out. 2024]. Rodrigues, Lucas. - "Decorar para indicar – A ornamentação Rococó nos oratórios domésticos devocionais como elemento de indicação iconográfica: Portugal e Minas Gerais – séculos XVIII-XIX", in Rocalha: Revista eletrônica do Centro de Estudos e Pesquisas em História da Arte e Patrimônio da Universidade Federal de São João del-Rei, Ano I, Vol. 1, N.º 1 (2020), pp. 352–373 [Consultável em: Decorar para indicar. Universidade Federal de São João del-Rei. Acesso em: 23 out. 2024]; Rodrigues, Lucas. -  As formas do Perene: Os oratórios domésticos devocionais em Minas Gerais e seus antecedentes europeus – estudo histórico, estilístico e iconográfico (Sécs. XVIII-XIX) [Dissertação de mestrado]. São João del-Rei: Universidade Federeal de São João del-Rei, 2020 [Disponível em: As formas do Perene. Academia.edu. Acesso em: 24 out. 2024]; Sandão, Artur de. - O mobiliário pintado em Portugal do século XVIII. [Porto]: Livraria Civilização, 1999.

Nota: Tradicionalmente abriga no seu interior o PRESÉPIO [com 8 figuras] [PS0311].

Dimensões:
A. 55 x L. 47 x P. 23,5 cm
Nº de Inventário:
PS0310
Data de produção:
Século XVIII
Material e técnicas
Madeira de castanho, tinta, folha de ouro e vidro - Ensamblada, entalhada, vazada, policromada e dourada
Incorporação:
Adquirida durante a vigência do V Governo Regional dos Açores (1992-1996), por intermédio do antiquário Eduardo Rangel Pamplona Silvano (1924-1999), integra desde então as coleções da Presidência do Governo dos Açores, estando em exposição no Palácio de Sant'Ana, em Ponta Delgada.

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