Marciano Henriques da Silva nasceu em 7 de Junho de 1831, em Ponta Delgada. Matriculou-se na Academia de Belas Artes, em Lisboa, em 1849, sendo recomendado por Feliciano de Castilho a várias personalidades ligadas ao ambiente artístico da capital, o que lhe permitiu um bom convívio e uma aproximação à corte portuguesa. Nesta época, os artistas românticos, com influência do Liberalismo, opõem-se ao racionalismo e ao rigor do neoclássico. Privilegiaram a emoção, valorizando o individualismo, o sofrimento amoroso, a religiosidade cristã, a natureza, os temas nacionais e o passado, de forma poética e emocional, buscando algumas raízes de nacionalidade na Idade Média.
Esta tendência estava impregnada dos ideais de liberdade da Revolução Francesa (1789), surgindo na pintura formas mais sentimentais e humanas, ligadas ao gosto de uma burguesia ascendente e de uma nobreza liberal, prestigiada através de retratos bucólicos e sentimentais. Em 1851 Marciano Henriques vai para Paris, frequentando os ateliers de Delaroche e Ary Scheffer, e foi discípulo de Horace Vernet, pintor histórico, na "Académie".
Com a influência destes artistas desenvolve o gosto pelo desenho e pela pintura rigorosa. No ano seguinte, em Londres, teve lições com o retratista Prescothnight, e conheceu a artista Celina, com quem casou, em 1856, regressando a Portugal, depois de seis anos de aprendizagem no estrangeiro, com uma passagem por Roma, em 1857, a qual contou com o apoio dos monarcas D. Pedro V e D. Fernando. Em Roma conviveu com o pintor romântico Miguel Lupi (1826-1883), e aí executou algumas telas com temas históricos, nomeadamente "Os últimos dias de Tasso", atualmente património do Museu Carlos Machado.
O retrato de "Celina" foi efetuado por cerca de 1867, sendo uma das pinturas enviadas, nesse ano, à Exposição Internacional de Paris, para a qual Marciano Henriques concorreu intitulando-se "Professor Provisório da Academia, Pintor de Sua Majestade El-Rei D. Luís, Diretor da Galeria Real da Ajuda e Cavaleiro de S. Tiago" . Neste retrato romântico de Celina sobressai a delicadeza da pintura, influenciada por uma moda e um gosto ligados à aristocracia liberal. O aspeto formal desta pintura evidencia a preocupação do retrato perfeito, antes da generalização do processo fotográfico, como registo ideal de exaltação da figura retratada. O fundo escuro, em contraste com o claro do rosto e da blusa, faz sobressair a beleza e a perfeição das formas da figura central.
Da obra de Marciano Henriques da Silva destacam-se outros retratos e cenas históricas. A maior parte da sua pintura está dispersa por coleções particulares e museus, sendo o trabalho de Diogo de Macedo, publicado nos Cadernos de Arte, em 1951, o estudo mais completo sobre este artista micaelense.
[MTO]
Autonomia dos Açores Digital | CollectiveAccess parametrizado e estendido por Estrutura para a Casa da Autonomia
Ao continuar a navegar no CCM - Património Museológico Açores está a aceitar a utilização de cookies para optimizar o funcionamento deste serviço web e para fins estatísticos.
Para mais informações, consulte a nossa Política de Privacidade.