Oficina hispano-filipina (Manila)
Oficina hispano-filipina (Manila)
Entre os séculos XVII e XIX, nomeadamente a partir de 1656, ano em que as Filipinas se tornaram uma colónia espanhola, várias oficinas e artistas locais, inicialmente de origem chinesa ou de ascendência mista filipina e chinesa (denominados "mestizos de sanglei", e membros de uma comunidade ali estabelecida de longo tempo, nomeadamente em Manila) e depois de progênie filipina (treinados durante as últimas décadas da ocupação espanhola), produziram para o mercado ibério, por encomenda de comerciantes europeus ou do clero católico, diversa imaginária sacra destinada à propagação da fé cristã e ao fortalecimento do poder cultural e religioso da Igreja Católica. A circulação dessa produção era feita através das embarcações da chamada Carreira da Índia e das ligações entre Macau e Cebu, nas naus da China ou nos galeões de Manila, que ligavam a Ásia à Europa e à América. Esculturas em marfim e madeira, que mesclavam a iconografia cristã ocidental com elementos estéticos orientais, refletindo a forte interação entre as tradições artísticas locais e as encomendas religiosas europeias, mostram como o cristianismo, ao se expandir para regiões distantes, adaptava suas representações para melhor ressoar com as culturas autóctones, criando uma ponte cultural entre o Oriente e o Ocidente.