Garrafa

Ciência e Tecnologia
Frederico A. Vasconcelos
- Produtor

Título Alternativo:
Garrafa de pirolito de bola
Descrição:
Esta tipologia de garrafas de pirolito antecede a utilização da carica, tendo em vez de tampa uma bola de vidro que se encostava a uma anilha de borracha inserida num entalhe no topo gargalo, propiciando uma vedação eficaz. Durante o processo de fabrico, o refrigerante gasoso era introduzido na garrafa invertida e, uma vez concluído o enchimento, o berlinde caía, aderindo à anilha por efeito da pressão do gás. O estrangulamento do gargalo impedia que a bola deslizasse até ao fundo, quando era pressionada para que a bebida fosse consumida, ficando ali retida e produzindo um retinir característico quando a garrafa era agitada. A bola de vidro era alvo da cobiça infantil, sendo usada no jogo do berlinde, o que levou a que a quebra propositada destas garrafas, num tempo em que todo o vasilhame era precioso e meticulosamente reutilizado, desse azo a reprimendas e castigos.
A comercialização de refrigerantes foi uma das inúmeras áreas de negócio em que esteve envolvida a família Frederico de Vasconcelos (Mota, 2004: 219-289). Luís José de Vasconcelos, que, em 1795, já residia na ilha Terceira, foi a pessoa que introduziu a família na área empresarial, nos Açores, nomeadamente, na exportação da laranja para Portugal continental, Europa e América. Inclusivamente, era Vitorino José de Vasconcelos, pai de Luís José, quem recebia, em Portugal continental, a exportação da laranja dos Açores, distribuindo-a, posteriormente, nesse território (Mota, 2004: 241-242).  
No século XX, nomeadamente, no ano de 1926, já existia uma planta de uma fábrica de refrigerantes, que pertencia a Frederico Augusto de Vasconcelos, que até incluía as máquinas e os equipamentos que o proprietário desejava introduzir nessa mesma fábrica, tais como, um lavadouro de garrafas, com vista a engarrafar os refrigerantes, e uma máquina para o fabrico dessas mesmas bebidas refrigerantes (Mota, 2004: 260-261). A fábrica mencionada localizava-se no lugar da Rocha, na Rua dos Canos Verdes, e, antes da transferência dos equipamentos e das máquinas da fábrica para esse local, por volta do ano de 1955, a produção dos refrigerantes era efetuada noutro estabelecimento, também localizado na Rua dos Canos Verdes (Mota, 2004: 259-263). Para além do fabrico dos refrigerantes, este negócio da família Frederico de Vasconcelos incluía o seu transporte e a distribuição, em veículos identificados através da sigla F.A.V. (Frederico Augusto de Vasconcelos). Algumas destas bebidas ficaram conhecidas como pirolitos, que eram, especificamente, segundo Valdemar Mota (2004: 265), bebidas ligeiramente gaseificadas, compostas por essências de laranja e de limão. De acordo com o mesmo autor, os pirolitos eram acondicionados em garrafas brancas, como a que aqui se apresenta, garrafas rotuladas, frascos de bola ou em garrafas verdes. A Fábrica de Pirolitos, ao longo dos anos, melhorou as suas condições e aumentou a sua produção, através da aquisição de equipamentos com capacidade tecnológica mais avançada (Mota, 2004: 263-265). Esta produção foi interrompida, durante sete meses, devido ao sismo do dia 1 de janeiro de 1980, que originou a mudança das instalações da fábrica para a Zona Industrial de Angra do Heroísmo e, mais tarde, nomeadamente, em datas mais próximas às da publicação da obra citada (2004), a sua produção já estava a decrescer, devido à introdução de bebidas refrigerantes internacionais como a Fanta, a Coca-Cola, entre outras. Os refrigerantes produzidos nas fábricas da família Frederico Vasconcelos tiveram sucesso na ilha Terceira durante várias décadas e, inclusivamente, foram exportados para as comunidades açorianas a viver no Canadá e nos Estados Unidos da América. Por exemplo, na América do Norte, os sumos de ananás, maracujá e laranja eram os mais apreciados entre os consumidores (Mota, 2004: 264-267).
O legado da família Frederico de Vasconcelos na economia dos Açores, e, especialmente, da ilha Terceira, vai muito além das fábricas de refrigerantes. Esta família foi protagonista e empreendedora em imensas indústrias, como a do álcool, dos cereais, dos vinhos e licores, das vassouras, do vinagre, dos laticínios, das carnes, entre muitas outras, para além de participações noutras áreas de negócio, tal como se pode ler e aprender no artigo de Valdemar Mota, publicado em 2004, no Boletim do Instituto Histórico da ilha Terceira - Vol. LXII: 219-289.   
Esta peça integra a Unidade de Gestão de Ciência e Tecnologia - https://museu-angra.azores.gov.pt/pecas/matar-sede/06/banner.html .

Dimensões:
A. 20 x D. 5,5 cm
Nº de Inventário:
MAH.R.2020.1634
Data de produção:
Séc. XX
Material e técnicas
Vidro
Entidade relacionada
Museu de Angra do Heroísmo

Coleção relacionada
MAH: Histórias de Matar a Sede

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