Pormenor.
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GARRAFA DE FARMÁCIA

Botella de farmacia [ES]
Pharmacy bottle [EN]
Bouteille de pharmacie [FR]
Apothekenflasche [DE]
薬瓶 [JP]
Artes Decorativas e aplicadas
Arita, Japão
- Produtor

Título Alternativo:
Garrafa de botica
Descrição:
Garrafa em porcelana, com decoração em esmaltes policromos e aplicações de ouro. Utensílio  farmacêutico, podendo também ser adaptado ao serviço de bebidas. Produção japonesa, da tradição de porcelana de Arita, datável de 1688-1704 (era Genroku, período Edo).

Garrafa de farmácia em porcelana policromada e dourada, produzida no Japão para exportação durante a era Genroku (1688–1704), uma fase de notável florescimento cultural e artístico do período Edo (1603–1868). Apresenta corpo globular, base anelar, pescoço cilíndrico alongado e rebordo duplo espessado – solução funcional que permitia a fixação de um pano ou tampa sobre a abertura. A decoração, executada com grande minúcia e tipicamente associada à tradição de Arita, recorre a esmaltes policromos – em tons de azul, vermelho, verde, amarelo e roxo acinzentado –, todos contornados a preto e realçados com aplicações de ouro. Os motivos florais e as quatro reservas decorativas no bojo evidenciam a sofisticação do período, sendo duas delas ocupadas por cenas galantes – uma com um casal jovem e outra com um casal idoso – enquanto as outras duas apresentam ramos floridos de crisântemos e de alhos-porros, elementos simbólicos que enriquecem o valor estético e narrativo da peça.

Inspirada nas garrafas de farmácia funcionais utilizadas nas boticas europeias medievais e nas garrafas de vidro holandesas em forma de cebola, esta peça alia funcionalidade e apuro estético. Destaca-se como uma das primeiras manifestações de formas "estrangeiras" na cerâmica japonesa, evidenciando a sofisticação do período e o diálogo entre influências externas e a tradição artesanal local. Embora algumas destas garrafas possam ter sido efetivamente usadas em contextos farmacêuticos, presume-se que outras tenham servido para o armazenamento de vinho.

A decoração detalhada e o uso expressivo das cores refletem a estética refinada da era Genroku (元禄, 1688-1704), uma fase de grande inovação cultural e artística no Japão, inserida no período Edo (江戸, 1603-1868). Este período, sob o governo do xogum Tokugawa Tsunayoshi (1646-1709; xogum de 1680 a 1709), foi marcado pelo florescimento das artes decorativas, com destaque para a produção de porcelanas de alta qualidade, especialmente voltadas para exportação. A influência do estilo Arita (有田), originado na região de mesmo nome, na ilha de Kyushu, é evidente nesta peça, que é conhecida pela sua delicadeza, riqueza de detalhes e pela técnica de esmaltação policromada, que a tornou altamente valorizada no mercado europeu. As representações de um casal jovem e de um casal idoso simbolizam as diferentes fases da vida, refletindo ideais de harmonia, renovação e sabedoria, conceitos centrais na filosofia japonesa da época. A inclusão dos crisântemos (菊) e alhos-porros (韮) acrescenta camadas simbólicas: o crisântemo está associado à longevidade e sabedoria, enquanto o alho-porro simboliza proteção e boa sorte.
PEDRO PASCOAL DE MELO (abril, 2025)

Bibliografia consultada:
  • ASHMOLEAN Museum. Eastern Ceramics and Other Works of Art from the Collection of Gerald Reitlinger: Catalogue of the Memorial Exhibition. Oxford: Ashmolean Museum/Londres: Sotheby Parke Bernet, 1981.
  • AYERS, John; IMPEY, Oliver; MALLET, J.V.G. Porcelain for Palaces: The Fashion for Japan in Europe (1650-1750). Londres: Oriental Ceramic Society, 1990.

Dimensões:
Totais : A. 21 x D. 14 cm
Nº de Inventário:
PGRA-PCG0791
Data de produção:
1688 - 1704 (período Edo, era Genroku)
Material e técnicas
Cerâmica (porcelana), esmaltes policromáticos e ouro - Moldada, pintada e dourada
Incorporação:
Esta peça foi adquirida em meados da década de 1980, como parte da ação de reconstrução do Palácio dos Capitães-Generais, após o sismo de 1981. O objetivo era decorar o edifício, sendo o processo conduzido com o auxílio de Francisco Ernesto Oliveira Martins, conhecido colecionador terceirense, que na altura exercia as funções de conservador do palácio. Desde então, integra as coleções da Presidência do Governo dos Açores, estando atualmente em exibição no Palácio dos Capitães-Generais, em Angra do Heroísmo.

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