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ARMÁRIO-LIVREIRO

Mobiliário
ANGIOLO BARBETTI (1805-1873)
- Autor

Descrição:
Armário-livreiro, alto, em madeira de carvalho, com duas portas. Decoração entalhada em todo o corpo da peça, sobressaindo motivos vegetalistas e fitomórficos, assim como figuras humanas nos montantes laterais e central. Interior com prateleiras.
Fazia originalmente par com outro armário similar, hoje preservado nas coleções do Palácio Nacional da Pena, em Sintra. Na Torre do Tombo, no Arquivo da Casa Real, conserva-se uma fotografia isolada de um deles, com anotações manuscritas em francês referentes às dimensões e ao preço (v. Imagem 2), que integra um conjunto de outras imagens de peças de mobiliário entalhado, assinadas por A. Barbetti – muito possivelmente o marceneiro e entalhador italiano Angiolo Barbetti (Siena, 1805 – Florença, 1873) –, que foram encomendadas pelo rei D. Fernando II (Viena, 1816 – Lisboa, 1885), o segundo marido da rainha D. Maria II de Portugal (Rio de Janeiro, 1819 – Lisboa, 1953), para ornamentação das residências reais. Ambos os armários decoraram a chamada “Sala da Senhora Condessa”, atual Gabinete da Rainha D. Amélia, do Palácio da Pena, como se pode verificar numa fotografia de Carlos Relvas, datada de c. 1867-1875 (v. Imagem 3).
O inventário orfanológico realizado após a morte de D. Fernando II, em 1885, refere encontrarem-se neste palácio em data anterior a 1869, localizando-os naquele compartimento sob o n.º 6167: "Dois armários de madeira de carvalho tudo obra de talha, estilo antigo feitos de fragmentos de trabalhos anteriores ao século desesette, marcados com os numeros seiscentos quatroze e seiscentos quinze. Avaliados na quantia de dusentos mil reis" (Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Inventário Orfanológico de D. Fernando II – Moveis existens no Palácio da Pena, Cintra - Mobiliários que já existiam no dia 10 de junho de 1869).
Os armários iriam integrar um núcleo de peças mantidas pela segunda mulher de D. Fernando II, a condessa de Edla, Elise Friederike Hensler (La Chaux-de-Fonds, 1836 – Lisboa, 1929), após esta ter vendido o Palácio da Pena, do qual tinha sido herdeira, ao estado português, em 1890, tendo então transitado para a residência da condessa em Lisboa, o Palácio de Santa Marta.
Um dos armários seria vendido no leilão promovido neste palácio a seguir à morte da condessa, em 1929, indo ser adquirido com várias outras peças pelo marquês de Jácome Correia, Aires Jácome Correia (Lisboa, 1882 – Genebra, 1937), que o levou para o Palácio de Sant'Ana, sua residência em Ponta Delgada, nos Açores. Após a venda deste imóvel à Região Autónoma dos Açores, em 1977, o armário integrou um conjunto de objetos doados pela então proprietária, Maria Josefa Gabriela Borges de Sousa Jácome Correia Hintze Ribeiro (Ponta Delgada, 1920 – Ponta Delgada, 1984), filha do dito marquês, com o propósito de permanecerem em exposição no palácio. No Contrato de Doação então redigido, datado de 31 de dezembro de 1977, pode ler-se na página 2: "No Quarto de Cama - uma cama de dossel em castanho lacado de branco; um espelho grande; uma armação de fogão; dois armários de castanho em obra de talha lacados de branco [...]", sendo o móvel em questão um destes dois armários. Por outro lado, o seu par permaneceu na posse dos herdeiros da condessa até 2015, vindo então a ser comprado pela Parques de Sintra-Monte da Lua, que o fez regressar ao Palácio da Pena após 125 anos de ausência.
O armário do Palácio de Sant’Ana, no interior, na ilharga esquerda, junto ao topo, conserva pintada a tinta a inscrição “N.º 124”, referência respeitante ao Inventário do Real Paço da Pena. Março de 1874, hoje mantido no Arquivo Histórico da Casa de Bragança (onde o par do Palácio da Pena consta também com o n.º 125). PEDRO PASCOAL DE MELO (Julho 2023)
[Agradecemos ao Dr. Hugo Xavier, da Parques de Sintra-Monte da Lua, a disponibilização de informação sobre o par do armário livreiro existente no Palácio da Pena, que consta no catálogo MatrizNet, com a ref.ª de inventário PNP3317 – ver 
http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=1083765 –, que aqui largamente transcrevemos].
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

CHIARUGI, Simone. "La Bottega di Angiolo Barbetti a Sienna e Firenze", in C. Paolini, A. Ponte e O. Selvafolta, Il bello 'ritrovato'. Novara: De Agostini, 1990, pp. 220-223.
CHIARUGI, Simone. Botteghe di Mobilieri in Toscana 1780-1900, vol. II. Florence, Studio per Edizioni Scelte, 1994, p. 190.
COLLE, Enrico. Il Mobile dell’ Ottocento in Italia. Arredie e decorazioni d’interni dal 1815 al 1900. Milão: Electra, 2007, p. 302-303.
FRANCO, Anísio; BASTOS, Celina. "Desenhos e encomendas da Casa Real: móveis e projetos de decoração", in Margens e Confluências: Um olhar contemporâneo sobre as artes, n.º 4 (2002), pp. 44-59.
FROSINI, Dino. "Barbetti, Angiolo", in Dizionario Biografico degli Italiani, vol. VI (1964). Roma: Istituto dell'Enciclopedia Italiana, 1961-2020 [Disponível em: <
BARBETTI, Angiolo in "Dizionario Biografico" (treccani.it)>.Consultado em: 10 julho 2023].
JÁCOME CORREIA, marquês de [Aires Jácome Correia]. “D. Fernando e o leilão da Condessa d’Edla”, in Elucidário Nobiliarchico: revista de história e de arte, vol. II, n.º IX (Set. 1929), pp. 295-299.

Dimensões:
Total : A. 201 x L. 160 x P. 51 cm
Nº de Inventário:
PS0333
Data de produção:
1860 - 1870
Material e técnicas
Madeira de carvalho - Madeira ensamblada e entalhada

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