Mapa.
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MAPPA AESTIVARUM INSULARUM, ALIAS BARMUDAS DICTARUM [...]

Mapa de las Bermudas [ES]
Bermuda map [EN]
Carte des Bermudes [FR]
Karte von Bermuda [DE]
バミューダ諸島の地図 [JP]
Documentação Gráfica e Cartográfica
Henricus Hondius (1597–1651)
Jan Janssonius (1588-1664)

Título Alternativo:
Mapa das Bermudas
Descrição:
Mapa das Bermudas, impresso e colorido. Material cartográfico. Publicado por Jan Janssonius, a partir de uma gravação de Henricus Hondius, em 1654, em Amesterdão (Países Baixos).

Mapa cartográfico do arquipélago das Bermudas, gravado em cobre e impresso em papel com coloração manual, com base numa gravação de Henricus Hondius de 1633, publicado por Jan Janssonius em 1654, em Amesterdão, nos Países Baixos. Trata-se de uma reimpressão da chapa original de Hondius, sem alterações de conteúdo, com exceção da substituição do nome do gravador pelo de Janssonius na legenda referente à edição: apud Joannem Janssonium. Distribuído por duas páginas, o mapa apresenta dois esquemas distintos. O principal, que ocupa a maior parte da composição, mostra o arquipélago das Bermudas orientado a noroeste, destacando as divisões territoriais – denominadas "tribes" – atribuídas, em 1622, aos acionistas da Virginia Company of London of the Somers Isles. O segundo esquema, de menor escala, insere o arquipélago no contexto das costas atlânticas da Grã-Bretanha, da América do Norte e da ilha de Hispaniola (atualmente São Domingos). Uma representação adicional das Bermudas, colocada ao centro e em escala reduzida, reforça a sua localização em relação ao continente americano, acompanhada da legenda Bermudas Insul, alias Sommer Islands. A toponímia assinala diversos locais e acidentes geográficos, incluindo representações de casas que identificam quintas e povoações com suas igrejas, juntamente com baluartes e canhões que marcam os pontos estratégicos de defesa, enquanto pequenas cruzes indicam os recifes espalhados pelas águas circundantes. Ao centro da composição, uma cartela decorativa apresenta o título completo: Mappa ÆSTIVARUM Insularum, alias BARMVDAS dictarum, ad Ostia Mexicani æstuarij jacentium in latitudine Graduum 32 Minutorum 25. Ab Anglia, Londino / Scilicet versus Libonotum 3300 Miliaribus Anglicanis, et a Roanoack (qui locus est in Virginia) versus Euronotum 500 Mill. accurate descripta. O mapa inclui ainda uma rosa-dos-ventos, com o norte orientado a 40 graus, linhas loxodrómicas e duas escalas gráficas distintas: uma em milhas inglesas e germânicas comuns, destinada à navegação; e outra, em milhas romanas, para as medições cadastrais (correspondente a uma escala aproximada de 1:70.000). Sob a área cartografada, encontra-se uma lista dos nomes dos proprietários das parcelas de terra dentro de cada "tribe". Estes nomes estão dispostos em colunas e correspondem aos lotes delineados no mapa, permitindo identificar a quem pertenciam as várias porções da ilha no momento da elaboração da carta. A lista é ladeada por dois brasões: à esquerda, o da Virginia Company, com as armas reais inglesas e o lema Pro Consilio Svo Virginiae; à direita, o que representa o arquipélago das Bermudas, aludindo ao naufrágio do Sea Venture em 1609. Impresso em 1 folha, com o verso contendo um texto em latim – distribuído em duas páginas e quatro colunas – que fornece informações complementares sobre o arquipélago, abordando sua localização, exploração e estrutura territorial. Encontra-se encaixilhado.

A Virginia Company of London of the Somers Isles era uma subdivisão da Virginia Company, a poderosa companhia de comércio inglesa responsável pela colonização da costa leste da América do Norte entre as latitudes 34° e 41° N. Criada em 1615 para administrar especificamente o arquipélago das Bermudas, esta ramificação surgiu na sequência do naufrágio do navio Sea Venture, em 1609, durante uma expedição liderada por Sir George Somers com destino à colónia de Jamestown, na Virgínia. O acidente forçou os sobreviventes a permanecer nas ilhas, então desabitadas, motivando a sua colonização formal pela coroa inglesa. Em reconhecimento do papel de Somers nesse episódio fundacional, as ilhas passaram a ser conhecidas como Somers Isles, designação recorrente em documentos e mapas dos séculos XVII e XVIII. A companhia foi responsável pela distribuição das terras entre os acionistas, incentivando a exploração agrícola e estabelecendo uma administração própria, similar ao modelo das colónias inglesas no continente. Para facilitar essa gestão, o território foi dividido em oito unidades designadas como "tribes", que correspondiam a circunscrições territoriais compostas por lotes atribuídos a grupos específicos de investidores. Cada "tribe" funcionava como uma comunidade administrativa e económica, definida por interesses comuns e, por vezes, laços de origem. As "tribes" eram: Smith’s, Sandys, Paget, Warwick, Cavendish, Devonshire, Mansfield e Bedford, nomes oriundos de investidores nobres ou influentes na companhia, muitos deles ligados à aristocracia inglesa. Essas divisões facilitaram a administração e a exploração das ilhas. Com o tempo, as "tribes" evoluíram para as atuais paróquias (parishes) das Bermudas. A paróquia de Saint George, embora não tenha sido uma "tribe" originalmente, foi estabelecida como uma área distinta e, posteriormente, integrada ao sistema administrativo. O sistema das "tribes" manteve-se até 1684, quando a coroa britânica dissolveu a companhia e assumiu o controlo direto do arquipélago.

Esta representação das Bermudas baseia-se no levantamento realizado por Richard Norwood por volta de 1617, um dos primeiros e mais precisos mapas do arquipélago, elaborado no contexto das tentativas iniciais de colonização inglesa nas ilhas. Embora o mapa original, impresso em 1622, não tenha chegado até aos nossos dias, uma versão derivada foi publicada no atlas de John Speed, Prospect of the Most Famous Parts of the World (1627), tendo servido de modelo para diversas edições subsequentes. Esta versão destacou-se pela sua precisão e riqueza de pormenores, sendo considerada uma das representações cartográficas mais notáveis do período. O exemplar em causa foi produzido por Jan Janssonius, no âmbito da tradição cartográfica iniciada pelo seu sogro, Jodocus Hondius, o Velho, e continuada pelo cunhado Henricus Hondius. A casa editorial de Janssonius, vizinha e concorrente direta da célebre casa de Willem Blaeu, teve um papel decisivo na consolidação de Amesterdão como centro nevrálgico da cartografia europeia no século XVII. Este mapa, incluído no Atlas Novus, sive theatrum orbis terrarum, publicado em 1654 por Janssonius, reflete o dinamismo e a sofisticação técnica das oficinas cartográficas da cidade, então envolvidas numa intensa rivalidade pela liderança do mercado europeu de atlas e mapas.
PEDRO PASCOAL DE MELO (abril, 2025)

Bibliografia consultada:

Dimensões:
Macha gráfica : A. 39 x L. 51 cm
Nº de Inventário:
PGRA-PC0625
Data de produção:
1654
Material e técnicas
Papel e tinta - Gravura sobre cobre, imprensa em papel e colorida manualmente

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