Pintura com moldura.
Pintura com moldura.
Pintura com moldura.
Pintura com moldura.

RETRATO DE D. JOSÉ I, REI DE PORTUGAL

Retrato de el Rey José I de Portugal [ES]
Portrait of King José I of Portugal [EN]
Portrait du roi José I de Portugal [FR]
Porträt von König José I. von Portugal [DE]
ポルトガルのジョゼ1世王の肖像 [JP]
Artes visuais
Miguel António do Amaral (1712-1780)
- Autor (atrib.)

Descrição:
Representação, a óleo sobre tela, de D. José I, Rei de Portugal. Retrato pictórico. Produção portuguesa, atribuível a Miguel António do Amaral, datada de aproximadamente 1766-1777.

Pintura, a óleo sobre tela, emoldurada, representando D. José I, Rei de Portugal (1714-1777; rei de 1750 a 1777), atribuída ao pintor português Miguel António do Amaral (1712-1780) e datável de entre 1766 e 1777. O retratado surge de corpo inteiro, de pé, voltado a três quartos à direita, em uma pose de Estado. Ostenta uma farta cabeleira postiça, encaracolada e empoada, conforme a moda da época, e dirige o olhar diretamente ao observador. Veste uma casaca e um calção justo abaixo do joelho, ambos de veludo púrpura – cor associada à realeza –, ricamente bordados a ouro. Usa ainda uma camisa branca com jabot e punhos rendados, um colete dourado bordado a prata e um peitoral de armadura. Posto sobre os ombros, exibe um imponente manto de veludo púrpura, forrado a arminho e preso ao peito por uma pregadeira. A indumentária completa-se com um espadim preso a um cinto na cintura, sobre o qual se sobrepõe uma faixa verde, meias brancas e sapatos de salto com fivelas douradas. Ao pescoço, traz a cruz da Ordem de Cristo (da qual era Grão-Mestre enquanto monarca), pendente de uma fita vermelha. Na mão direita, segura o bastão de comandante-chefe dos exércitos pela parte superior, repousado sobre uma mesa coberta por um pano de veludo vermelho, agaloado e franjado, onde também se encontram a coroa real – que descansa num coxim verde, com galão e borlas douradas – e um elmo emplumado. A mão esquerda apoia-se na cintura, reforçando a imponência de sua figura. O fundo da pintura representa um interior nobre, com um panejamento aberto e uma coluna clássica, onde se destacam a referida mesa e um cadeirão posicionado por detrás do monarca. O quadro apresenta uma moldura retangular em madeira, com meias-canas côncavas, pintada de preto e ornamentada com frisos, enrolamentos, concheados e motivos vegetalistas dourados, dispostos nos cantos e ao centro de cada lado. Na parte inferior, uma placa de madeira dourada exibe, em relevo, a inscrição: "D. Jose I".

Embora não assinada, a pintura em causa revela semelhanças formais e estilísticas com o retrato de D. Antão de Almada, da mesma época, presente nas coleções do Palácio dos Capitães-Generais, da autoria de Miguel António do Amaral. Isso sugere que a obra possa ser atribuída a este pintor, conhecido por seu trabalho na arte do retrato, e que está representado em diversas coleções públicas e privadas.

D. José I, 25.º Rei de Portugal, nasceu em Lisboa, em 1714, e governou de 1750 até à sua morte. Conhecido como o Reformador, destacou-se pelas mudanças políticas e administrativas, conduzidas pelo seu principal ministro, o Secretário de Estado e célebre 1.º marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Melo. O seu reinado foi marcado pelo fortalecimento do absolutismo, com a repressão da nobreza e do clero, exemplificada pelo Processo dos Távora (1758) e pela expulsão dos jesuítas (1759). No plano económico, foram criadas companhias monopolistas e regulamentada a produção do vinho do Porto. A cultura e a arquitetura também receberam incentivo, destacando-se a construção da Real Ópera do Tejo, inaugurada em 1755. No entanto, poucos meses depois, o edifício foi completamente destruído pelo Terramoto de 1755, que devastou Lisboa. Sob a liderança de Pombal, a cidade foi reconstruída com um planeamento urbano inovador. Como símbolo desse esforço, foi inaugurada, em 1775, a estátua equestre do rei no Terreiro do Paço. D. José I faleceu em Lisboa, em 1777, sendo sucedido por D. Maria I de Portugal (1734-1816; rainha de 1777 a 1816), que subiu ao trono como a primeira rainha reinante do país.

Este retrato do rei D. José I de Portugal integra um conjunto que inclui também as representações dos acima mencionados Secretário de Estado e 1.º marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Melo (1699-1782; secretário de estado de 1750 a 1777), e 1.º Capitão-General dos Açores, D. Antão de Almada (1718-1797; capitão-general de 1766 a 1775). De grande valor simbólico e político, as três personificações fariam parte de um programa retórico, comum na época, destinado à exaltação do poder do Rei, à afirmação do Estado absoluto a ele associado e à consolidação do domínio político, militar e judicial do Império sob seu comando. A sua presença no Palácio dos Capitães-Generais remonta à instalação da Capitania Geral nos Açores, sendo presumível que a obra tenha sido executada entre 1766, data em que D. Antão de Almada assumiu o cargo de Capitão-General, e 1777, ano em que morreu o rei D. José I de Portugal.
PEDRO PASCOAL DE MELO (janeiro, 2025)

Fontes e bibliografia consultada:
  • FRANCO, Anísio. “As séries régias do Mosteiro de Santa Maria de Belém e a origem das fontes da iconografia dos reis de Portugal”, in FRANCO, Anísio [coord.], Jerónimos: 4 séculos de pintura [Catálogo de exposição]. Lisboa: Mosteiro dos Jerónimos/IPPAAR, 1993, vol. I, p. 292-337.
  • FRANCO, Anísio; PENTEADO, Pedro. "A série régia de Miguel António do Amaral na Câmara Municipal da Moita", in SILVA, Teresa Rosa (org.), I Jornadas de história e património local. Moita: Câmara Municipal da Moita, 2004, pp. 87-115.
  • GONÇALVES, Susana Cavaleiro Ferreira Nobre. A arte do retrato em Portugal no tempo do barroco (1683-1750): Conceitos, tipologias e protagonistas [Tese de Doutoramento]. Lisboa: Universidade de Lisboa, 2013 (Disponível em:  A arte do retrato em Portugal no tempo do barroco (1683-1750. Consulta em: 29 jan. 2025).
  • LEITE, José Guilherme Reis [et al.]. - Palácio dos Capitães-Generais. Ponta Delgada: Presidência do Governo Regional dos Açores, 2012.
  • LOUREIRO, José Luís. "Novos dados sobre o pintor Estanislau Luís António (1744-1804)", in Revista Museu, IV Série, N.º 23 (2017), pp. 59-82 [Disponível em: Novos_Dados_sobre_o_Pintor_Estanislau_Luis. Consulta em: 31 jan. 2025).
  • MACHADO, Cirilo Volkmar. Collecção de memórias, relativas às vidas dos pintores, e escultores, architetos, e gravadores portuguezes, e dos estrangeiros, que estiverão em Portugal. Lisboa: Imprensa de Victorino Rodrigues da Silva, 1823, p. 87 (Disponível em: Collecção de memorias. Consulta em: 29 jan. 2025).
  • MARTINS, Francisco Ernesto de Oliveira. Palácio dos Capitães-Generais: Subsídios para a sua história. Angra do Heroísmo: Secretaria Regional da Administração Interna, 1989
  • SERRÃO, Vítor; KAGANÉ, Liudmila; CURTO, Irina Marcelo. "Retratos de autoria Miguel António do Amaral em Portugal e na Rússia", in Arte Russa [Número especial, consagrado às relações russo-portuguesas], 2018 (outubro), pp. 72-79 (Disponível em: REVISTA ARTE RUSSA | 2018. Consulta em 31 jan. 2025).

 

Dimensões:
Totais (tela e moldura) : A. 258 x L. 171 cm
Nº de Inventário:
PGRA-PCG0972
Data de produção:
circa 1766-1777
Material e técnicas
(Pintura) Óleo s/tela - Pintura
(Moldura) Madeira, tinta e ouro - Ensamblada, entalhada, pintada e dourada
Incorporação:
Esta peça faz parte de um conjunto de bens que, após a criação da Região Autónoma dos Açores em 1976, passaram a fazer parte do patrimônio regional, provenientes dos então extintos Governos Civis e Juntas Gerais dos Distritos Autónomos de Angra do Heroísmo, Horta e Ponta Delgada. Desde então, integra as coleções da Presidência do Governo dos Açores, estando atualmente em exibição no Palácio dos Capitães-Generais, em Angra do Heroísmo.

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